Entre MUNDOS, entre LÍNGUAS, entre AFETOS

Gicelma Barreto Nascimento

“Entre Mundos, Entre Línguas, Entre Afetos”(Diásphora Psi)

Nessa frase, o "ENTRE" é um abismo que nos separa, um divisor de águas que nos faz questionar nossa identidade. É um lugar não-todo, um espaço de incompletude que pode gerar desconforto. Mas é justamente nesse espaço que encontramos a metáfora para nos aproximarmos da experiência dos sujeitos que migram.

O imigrante é um ser dividido, suspenso entre mundos, línguas e afetos. É um viajante que transita entre culturas, carregando consigo a bagagem da própria história e do mundo do outro. Algumas vezes se aproxima, outras se distancia, em um movimento constante de busca por um lugar que seja seu.

A linguagem é um instrumento que vai além da comunicação, é uma forma de habitar o mundo. Mas quando estamos entre línguas, nos encontramos em um limbo linguístico, onde a comunicação pode se tornar um desafio que precisa ser contornado.

E os afetos? Ah, os afetos são um labirinto que nos faz questionar nossos próprios sentimentos. A ambiguidade é uma característica da natureza humana, e quando estamos entre afetos, nos sentimos confusos, perdidos em um mar de emoções.

Quem nunca desejou encontrar um espaço onde se sentisse pertencente? Um lugar onde não precisasse lidar com a sensação amarga e desconfortável de estar desencaixado, fora de lugar ou ser visto como o estranho do pedaço? Talvez não sejamos os únicos a nos sentir desse jeito, e talvez a experiência migratória seja apenas uma atualização da condição que atravessa a todos os sujeitos.

Somos seres divididos, complexos, faltantes. E é justamente nessa falta que encontramos a nossa humanidade. Somos seres em constante busca, em constante movimento. E é nesse movimento que podemos encontrar a nossa verdade. Como afirma João Guimarães Rosa, “O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”